“Brother hounded in media blizzard
On Friday afternoon Ryan Lanza, an accountant, was browsing the internet on his computer at his office at Ernst & Young in Times Square, New York, when his name and photograph started appearing on news and social media sites.
It had started with a tweet from Associated Press that read ‘Law enforcement official: Ryan Lanza, 24, is suspect in Connecticut school shooting’.
Soon American news networks, including CNN and Fox, were naming him alongside a photograph taken from his Facebook page, which revealed that he — like the suspect — was from Newtown, Connecticut, and was now living in New Jersey.
Within seconds of the report Facebook users were setting up pages called ‘Ryan Lanza mass murderer’, ‘Ryan burn in hell’ and ‘Ryan Lanza is a terrorist’ (…)
Less than an hour after he had been named, press reports corrected the error and identified brother Adam as the killer — followed by new Facebook groups calling for ‘Adam Lanza to burn in hell’”
A matéria acima diz que o irmão do suspeito de matar diversas crianças em uma escola nos EUA acabou sendo dado como culpado do crime por um veículo de comunicação e, logo em seguida, por outros veículos que usaram o primeiro como fonte de notícia.
A matéria é um exemplo das potenciais consequências da tensão entre a necessidade dos jornalistas de reportarem rapidamente para que não sejam engolidos pela concorrência, e a importância de checar a veracidade daquilo que é reportado.
O primeiro veículo divulgou a informação e, para não ficarem para trás, outros veículos acreditaram na informação do primeiro e deram como certa a informação divulgada. Como a informação do primeiro veículo estava incorreta, os demais acabaram também errando. Enquanto isso, a vítima acabou sofrendo as consequências e virou objeto de uma caça às bruxas.
Infelizmente isso acontece com muito mais frequência do que deveria. Por inexperiência, preguiça ou falta de ética, alguns jornalistas copiam as apurações de seus competidores e publicam como se fossem suas (esse problema está ficando mais e mais comum com blogueiros).
Do ponto de vista jurídico, há várias consequências:
Se os fatos apurados são verdadeiros, o plagiador está se beneficiando do trabalho alheio. Se é um fato público, é difícil para quem teve seu trabalho plagiado demonstrar juridicamente que o outro jornalista copiou seu trabalho, mudando apenas o texto.
Mas em casos exclusivos ou que necessitam de uma investigação mais detalhada, é mais fácil para o jornalista que teve seu trabalho plagiado provar juridicamente que o mau jornalista está apenas copiando seu trabalho. Isso pode gerar a obrigação do mau jornalista ( o veículo no qual trabalha) de compensar financeiramente quem foi plagiado.
Em teoria, existe até mesmo a possibilidade do leitor pedir compensação financeira. Afinal, o leitor é um consumidor de informação que está pagando por um conteúdo vendido como original, mas que é apenas uma cópia.
Isso não é novo. Ainda na renascença os cartógrafos inseriam propositalmente erros em seus mapas. Assim, se alguém copiasse seus mapas, copiaria também os erros e ficaria fácil provar que o plagiador estava se apropriando do trabalho alheio.
Mas, como nos mapas, o jornalista que insere uma informação errada em seu produto para rastrear plagiadores pode conseguir identificar os ‘sangue sugas’, mas estará prejudicando seu consumidor, que irá comprar um produto com defeito inserido intencionalmente.
Mas quem copia sem citar a fonte está também colocando seu pescoço na forca porque, como na matéria acima, está dando como certa uma informação que não investigou. Se o primeiro veículo errou em sua apuração, quem copiou também terá errado. E como ele não citou sua fonte, ele acabou por assumir a responsabilidade civil e penal pela informação incorreta que divulgou.
Óbvio que nenhum jornalista quer levar furo da competição, ou ficar citando seu competidor como sua fonte. Em jornalismo, é o equivalente a fazer propaganda de graça para seu competidor. Mas é melhor citar o competidor como fonte do que colocar sua mão no fogo por ele.
É por isso, por exemplo, que veículos sérios sempre citam suas fontes. Nesse caso, se o veículo-fonte estiver errado, que republicou a informação não será responsabilizado civil ou penalmente. Afinal, ele apenas reportou que outro veículo apurou determinada informação.
É por isso também que você encontrará – nos veículos sérios – textos que começam com ‘da agência XYZ’ (significa que aquela matéria foi comprada pelo veículo de uma agência de notícia), e ‘das agências de notícia’ (significa que aquela matéria foi feita colando pedaços de informação apuradas por mais de uma agência de notícia), ou, no meio da matéria, uma citação do tipo ‘blá-blá-blá, segundo informou Jornal XYZ, blá-blá-blá’ (significa que o veículo de comunicação investigou e é responsável pela matéria, mas que uma determinada afirmação é baseada em uma informação originalmente trazida à tona por um de seus competidores, e que jornalista pode ou não ter checado a veracidade da informação fornecida por seu competidor).